
A operação Condor foi uma aliança político-militar das décadas de 1970 e 1980 entre regimes militares da América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e Paraguai), com a participação da CIA (Central Intelligency Agency) dos EUA. O nome Condor foi uma referência a ave andina, o condor, que se alimenta de restos mortais de outros animais. No Brasil recebeu o nome de Carcará, ave de rapina muito comum no Brasil, especialmente no Nordeste e no Sudeste. Essa operação é mais um dos reflexos da Guerra Fria, momento em que os ideais de esquerda revolucionários se expandiram e ganharam força no mundo com a revolução russa e cubana e por isso os EUA articulavam de todas as formas possíveis a manutenção do sistema Capitalista, nem que para isso regimes ditatoriais de direita que fossem totalmente violentos, censurando a liberdade de expressão, oprimindo e torturando a população fossem implementados por meio do seu apoio e financiamento.
Essa operação objetivava eliminar movimentos, organizações, apoiadores e líderes com ideais esquerdistas na América do Sul e inibir a atuação da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), criada em agosto de 1967 em Cuba por iniciativa de Salvador Allende, que tinha por objetivo realizar ações anti-imperialistas na América com a cooperação dos movimentos de esquerda de diversos países, com a integração das forças revolucionárias não só das classes trabalhadoras , mas também do campesinato e dos estudantes.
Entre as ações da Operação Condor estão as perseguições a líderes de esquerda latino-americanas, como os Tupamaros no Uruguai e a ALN (Ação Libertadora Nacional) no Brasil, além do possível assassinato por envenenamento de João Gulart em 1976, quando residia na Argentina.
O financiamento e apoio dos estadunidenses as ditaduras militares da América Latina só ficou conhecida em 1978, quando ocorreu uma operação entre a ditadura militar uruguaia e a brasileira. Militares uruguaios foram cladestinamente a Porto Alegre para sequestrar o casal uruguaios Universindo Rodrigues Dias e Lilian Celiberti, que se refugiaram na cidade pois eram opositores ativos do regime militar. “O caso dos uruguaios” como ficou conhecido, se tornou público quando dois jornalistas brasileiros receberam um telefonema anônimo informando a ação do sequestro, e assim tentaram avisar o casal. Porém, foram surpreendidos por militares armados, e foram também presos. Esses jornalistas aproveitaram seu poder de influência dentro da mídia para denunciar o caso, o que gerou um apelo de parte significativa da população, e assim as desconfianças e investigações sobre a interação entre os governos militares ditatoriais com influência dos EUA iniciaram.
A operação Condor perdeu sua força nos anos de 1980, com a chegada ao fim dos regimes ditatoriais na América do Sul e o fim da Guerra Fria com a queda do Muro de Berlim em 1989. Porém, ainda é discutida e investigada por diversos crimes.
Esse momento da nossa história ainda tem influências no presente. Ainda hoje os potenciais imperialistas exercem poder e controle político, econômico e até cultural sobre os países da América Latina. Os supostos defensores da democracia e liberdade de expressão patrocinaram diversos regimes militares sanguinários. Essa profunda contradição precisa ser mais investigada, debatida e difundida. A luta pela memória, verdade e justiça não pode parar. Precisamos conhecer e enaltecer a memória dos que lutaram por nossa liberdade e tiveram suas vidas roubadas pelos regimes ditatórias de direita. É necessário reivindicar a verdade do que aconteceu dentro dos porões da ditadura, quem foram nossos algozes e apoiadores. Mesmo assim, a justiça só poderá ser efetivamente cumprida com a total emancipação dos nossos territórios e consciências. Por isso lutamos por uma América Latina livre, anti-imperialista e anticapitalista.
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