
A passividade e a inércia não combinam com a luta indigena. Hoje, dia 19 de abril, o país se reúne para celebrar a história dos povos indígenas que habitam o Brasil e lembrar a memória daqueles que habitavam há muito tempo atrás.
Através de muito sangue derramado atrás dos heróis brancos, muitas vezes emoldurados, os povos indígenas de sul ao norte florescem essa terra com suas diversidades, cantigas, línguas, danças e religião. Engana-se quem acredita que foi apenas com a invasão dos portugueses em 1500 que esse povo sofreu. Na verdade, são séculos de perseguição, preconceito, negligência e exploração de suas terras.
O levantamento parcial da Comissão de Memória e Verdade estima que cerca de 8350 indígenas na ditadura militar foram mortos pelo regime, com apoio inclusive da FUNAI, refletindo também na extrema exploração da Amazônia.
Atualmente, a luta pela demarcação de terras dos povos indígenas é de extrema importância no debate sobre democracia, igualdade e, sobretudo, soberania e com ela se alcança um passo a mais para a garantia de saúde, educação e cidadania a esses povos.
Hoje, o Brasil conta com 279 povos que falam mais de 150 línguas! Com variedades culturais, climáticas e religiosas, todas e todos precisamos nos responsabilizar por lutar e preservar a memória, além de continuar traçando um caminho conjunto.
Não esqueçamos que há uma errada concepção sobre a história dessas pessoas, que não foram passivas, aceitaram tudo tranquilamente ou simplesmente não fizeram nada. A luta e resistência indígena existe desde 1500 e vai continuar existindo! Seja ocupando espaços universitários e políticos, as academias de letras, o governo federal ou apenas tendo o direito de existir.
Ailton Krenak, imortal da Academia Brasileira de Letras, defende em seus livros a intrínseca relação dos povos indígenas com a natureza e como o sistema econômico moderno e destrutivo para os saberes da vida.
Precisamos entender como o capitalismo é um sistema colonial e que mata e envenena outras formas de existir. Com suas doenças, intenso produtivismo, ignorância aos saberes dos povos originários, seguem esquecendo de ser humanos.
“Eu tenho insistido com as pessoas, seja na minha aldeia, seja em qualquer lugar, que sobreviver já é uma negociação em torno da vida, que é um dom maravilhoso e não pode ser reduzido. Nós estamos, em nossa relação com a vida, como um peixinho num imenso oceano, em maravilhosa fruição. Nunca vai ocorrer a um peixinho que o oceano tem que ser útil, o oceano é a vida (...) Talvez o que incomode muito os brancos seja o fato de o povo indígena não admitir a propriedade privada como fundamento”, diz Krenak em seu livro “A vida não é útil”, p. 58.
Portanto, para hoje, o que nos resta é a luta contínua diante dos ataques genocidas e o total apoio a todos os povos originários do Brasil, da nossa América Latina e do mundo.
Gabriele Marchioro - Agente Cultura Viva do Pontão Pátria Grande
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