
Desde 1988 quando foi instituído pela ONU, o primeiro de dezembro é um marco para a saúde global, na qual, governos e sociedade civil se “unem” em campanhas sobre temas específicos relacionados ao HIV e para demonstrar apoio a quem vive com este vírus, porém, não para atacar as condições materiais que eternizam o problema da Aids.
Portanto, é um momento, sim, de exigir comprometimento dos governos e da sociedade civil, apresentar iniciativas, reivindicações e densificar a luta no enfrentamento à epidemia e das condições que a sustentam, já que, mesmo após mais de 40 anos, ainda persistem muita desinformação e preconceito, bem como, gigantescas barreiras no acesso aos serviços de saúde, à educação e ao mundo do trabalho às pessoas vivendo com HIV/Aids.
A luta, no entanto, é diária. Assim, não apenas nesta data, mas durante todo o ano, além da solidariedade e apoio às pessoas que vivem com HIV, da luta contra os preconceitos, estigmas e discriminações, exijamos comprometimento dos governos no enfrentamento à epidemia, com a retomada de investimentos financeiros mais contínuos voltados para as ações de prevenção, assistência e promoção de direitos às pessoas com HIV, pesquisas, formações e, no Brasil, o fortalecimento do SUS, pois vivemos tempos onde até direitos já garantidos são submetidos permanentemente a ataques.
Numa perspectiva macro político-econômica, também não se pode cerrar os olhos, todavia, para o fato que a epidemia de HIV/Aids é um exemplo nítido de como o capitalismo, o patriarcado e a colonialidade/racismo criam cenários que desvelam nua e cruamente a lógica hegemônica de produção, de acumulação e escassez seletiva, na qual se observa que, justamente países pobres, especialmente na África, e aqueles submetidos a ajustes econômicos mais severos, são os mais afetados pela epidemia.
O enfrentamento à Aids é também o enfrentamento ao sistema colonial-capitalista e este é responsabilidade de todas, todos e todes. Por mais prevenção, informação, educação e acolhimento para cuidar das pessoas e enfrentar a Aids, mas também por uma consciência ampla e coletiva para combater sistema que a eterniza.
Autores deste artigo: Christiane Gonçalves e Marcos Rocha
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